O Meu Tio Helder - M J Acunha - Books - CreateSpace Independent Publishing Platf - 9781500108038 - August 23, 2014
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O Meu Tio Helder Portuguese edition

M J Acunha

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O Meu Tio Helder Portuguese edition

O meu tio Helder, Eva - «eva» palavra em sânscrito que quer dizer «em verdade» - iniciei esta narrativa na adolescência quando minha alma era um estado de perdão e eu pasmava do mistério dos parentescos - nesta altura, todos os que me conheciam me consideravam anormal ou doente e escrever era para mim um acto de obediência à inércia, ao movimento natural de tudo e anterior à própria vida e como se tivesse chegado adormecida à própria vida, à medida que eu despertava as coisas se compunham pela escrita e eu ligava todos os elementos da vida, todos os dados da minha memória sonâmbula de tudo. A vida desligaria tudo, o meu ser seria rompido e as palavras, por consequência, permaneceriam moribundos na minha boca em sangue e já não irreal de vida e de morte e deste modo também a narrativa, sem conseguir irromper: fiapos como coágulos do pensamento. Por este facto, o da irrealização, é que hoje eu sou anormal e doente e, como quem já não se importa se aparece nu em público na fealdade em que o negligenciado é votado ou se vão injuriá-lo, lastimá-lo ou rir dele, apresento ridiculamente o momento mais frágil da criação: a sua génese (força e beleza) ligado como siamês ao momento mais desanimado, ligado à agonia: o fracasso da vida, o da morte na gestação. Teria também o Criador muitas vezes tentado a criação e terá sido também ele interrompido? Quem sabe a Terra - e digo isto por via da História - não seja deste facto a vítima e a testemunha? - Talvez Ele seja interrompido quando usado como meio de vingança ou suposta justiça: os homens não se cansam de dar lições aos homens, na maioria das vezes apenas se escandalizando com o que há-de de bom e genuíno no seu irmão para a este paralisarem - estratégia para a devoração que lhe preparam e assim o melhor no outro frustrarão para que, por entre uma usurpação, este se artificialize e se apresente o substituto, que não tem direito sequer ao parentesco de bastardo, natural e martirizado no processo oculto (a forma desleal) em que fabrica tal naturalidade, isto é, em que se apresenta algo que não é, alguém que não é e em laços não seus, em suma numa relação forjada de tudo e com tudo ? pois o usurpador não pode de todo ignorar aquele que usurpou, este aí está para reclamar o seu ? então o usurpador tem que se fazer do usurpado a vítima. O usurpado, no entanto, continua a existir e onde se habita ele agora em si? Sua casa esventrada serviu de útero a que ilegítimo Jonas? Quem o saberá se não o que saiu morto à luz do dia para o espaço do mundo que dele há-de rir? O mundo o verá como o gémeo segundo, aberração e aborto disputando a vida e o ser original - anedota do outro mundo contada neste mundo para saciação deste mundo e do outro. Mas nem tudo é negativo pois ao apresentar a minha literatura interrompida apresento também os ciclos da criação, não mostro a face da interrupção sem mostrar também a da criação - mas não como duas faces dum mesmo rosto, antes como a superfície plana de um espelho vomitando as profundidades consubstanciadas do que passivamente testemunha, para um quarto vazio, como num palco - os espectadores, as paredes que se cimentam do que olham e veem do que o espelho vê e absorve ? Pois apenas o silêncio é testemunha da verdade. MJ ACunha

Media Books     Paperback Book   (Book with soft cover and glued back)
Released August 23, 2014
ISBN13 9781500108038
Publishers CreateSpace Independent Publishing Platf
Pages 344
Dimensions 216 × 279 × 18 mm   ·   802 g
Language Portuguese  

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